Sérgio Britto - Basicamente duas coisas: o nascimento do meu primeiro filho, José, e a leitura da autobiografia do Brian Wilson (Beach Boys). Lá pelas tantas ele diz, a respeito do processo de composição de "Pet Sounds" (um dos meus discos prediletos), "a minha intenção neste álbum era escrever canções que servissem de consolo pra pessoas, como uma espécie de oração". Tomei isso como um desafio…
A princípio usei frases feitas, as mais banais, do tipo que qualquer um se identificaria. Acredito que clichês , quando revitalizados, revelam grande poder de síntese e comunicação. Resolvi explorar esse lugar-comum que é a vontade que cada um tem de transformar a própria vida e olhar pro dia-a-dia de modo mais atento e generoso.
Os versos do refrão são, em contraste, mais elaborados… Mas acho que todo mundo intui o seu significado básico. É como se o "andar distraído" da canção nos tornasse cúmplices dos desígnios do acaso, das coisas que estão fora do nosso alcance e que são imprevisíveis ou, por assim dizer, pertencem ao domínio de Deus.
Estou falando apenas da letra, mas não se pode esquecer da música em si. O jogo entre acordes maiores e menores e a fluência melódica casam muito bem com a letra e o caráter emotivo que ela tem.
O resultado pode ser conferido abaixo: