segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Scorpions comemora 50 anos em forma

Por Carlos Augusto Monteiro

Celebrando 50 anos de carreira, os alemães do Scorpions animaram os fãs no Rio de Janeiro, no sábado (10/9), após uma bem sucedida turnê brasileira que também teve mais três shows em São Paulo e um em Fortaleza.

Além de 2016 marcar o cinquentenário da banda, no sábado (17/09) completaram-se 41 anos de lançamento do álbum “In Trance”, que marcou a entrada do Scorpions no estilo de hard rock que os mantém até hoje, em oposição ao krautrock que a banda executava no início da carreira.

Para continuar na comemoração de datas, lá se foram 31 anos que os roqueiros aportaram em terras brazucas para a primeira edição do Rock in Rio, festival que inclusive foi lembrado pelo vocalista Klaus Meine para demonstrar a alegria de voltar ao Rio de Janeiro. Cidade, aliás, onde a banda já esteve por outras duas vezes, em 1997 (em festival com Dio, Bruce Dickinson solo e Jason Bonham Band) e 2007 (essa em um show um pouco “deslocado” na então HSBC Arena, grande demais para a banda e que contou com um set acústico, participação de Andreas Kisser e percursionistas que empobreceram algumas músicas com sua batucada sem sentido).

Por conta dessa má lembrança da última vinda, a expectativa pelo novo show era grande, visto que a banda passa por ótimo momento, de bom repertório, músicos entrosados e cada vez mais hábeis em seus instrumentos.

Com apenas 10 minutos de atraso, o show iniciou com a queda de um pano ilustrando a capa de “Return to Forever”, inaugurando o espetáculo realmente com um estrondo.

O Scorpions emendou direto nos clássicos “Make it real” e “The Zoo” (de “Animal Magnetism” – 1980) e a instrumental “Coast to Coast” (“Lovedrive” – 1978), que proporcionaram a primeira bela cena dos dois guitarristas Rudolph Schenker e Matthias Jabs no mini-palco à frente de uma passarela, exibindo juntos seus talentos.


Ao mesmo tempo, Klaus Meine empunha uma guitarra e sobe junto com o baixista Pawel Maciwoda na plataforma onde fica o baterista Mikkey Dee, constituindo, junto com o incrível telão, outra bela imagem para os fãs.

Ao fim da canção e sem perder o pique, Meine anuncia então que vão voltar aos anos 70 e sacia os fãs mais antigos com um medley contendo o heavy metal mais rasgado de “Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy's Coming / Catch Your Train”, respectivamente de “In trance” (1975), “Taken by force” (1977), Fly to the rainbow (1974) e Virgin Killer (1976), cumprindo a promessa de comemoração de 50 anos da banda, com músicas de várias épocas.

“We built this house” traz o Scorpions de volta aos anos 2010 trazendo um hard rock mais atual, acompanhado da modernidade dos telões, que, aqui, ilustram também a letra da música para todo mundo cantar junto.

E vamos a mais um momento marcante da carreira do Scorpions com um medley acústico , modalidade com que a banda foi muito bem sucedida em duas ocasiões, no álbum “Acoustica” (2001) e “MTV Unplugged – Live in Athens” (2013).

Nessa parte do show, os músicos vão ao pequeno palco na frente da passarela e executam “Always somewhere”, “Eye of the storm” e o mega-sucesso “Send me an angel”, com refrão cantado a plenos pulmões pelo público.

É aí também que a gente vê que Mikkey Dee, convocado para substituir James Kottak na turnê (ausente por problemas de saúde) já estava super integrado à banda. Mesmo sem tocar instrumento, ele estava ali no pequeno palco pedindo ao público que balançasse os braços para cima ao som das baladas. Situação impensável na sua antiga banda (Motörhead)! Dias depois do show, o Scorpions o anunciou como baterista definitivo.

Os alemães tocam então um dos seus maiores sucessos, “Wind of Change”, aquela do inesquecível assobio e que fala das mudanças que vieram na História com o fim do muro de Berlim. “Dynamite” retoma o peso ao show, que aumenta ainda mais com o cover de “Overkill”, do Motörhead, e Mikey Dee brilhando como sempre.

Segundo Klaus Meine, tocar uma canção do Motörhead foi um pedido do próprio baterista e o Scorpions escolheu qual seria. As imagens no telão de Lemmy Kilmister, morto de câncer no final do ano passado, emocionam os headbangers.

E tome clássicos, com “Blackout” (com direito à guitarra que solta fumaça de Rudolph Schenker) e “No one like you”,que, junto com “Dynamite”, são todas do mesmo disco, “Blackout” (1982).

Ainda recuperando o fôlego, a plateia recebe na cara um grande sucesso da fase mais “farofa” da banda: “Big City Nights”. As imagens de uma grande cidade aparentando Tóquio, no telão, e uma mulher dançando sensualmente evocam todas as sensações e tentações de uma cidade grande.

É chegada a hora de sair do palco e esperar o chamado da galera para o bis. Mas todos os momentos menos óbvios já tinham passado e não há mais surpresas. Por isso, vamos agora então às sempre presentes “Still loving you” e “Rock you like a hurricane”, sempre ótimas de serem ouvidas ao vivo.

Aos últimos acordes de “Hurricane”, o sorriso nos rosto dos integrantes e na plateia mostram que os Scorpions deixaram uma ótima impressão. Foi o fim da turnê brasileira, “neste ano”, conforme assegurou Klaus Meine. Dessa vez, ficou claro que despedida de carreira não é mesmo uma realidade próxima para estes veteranos do rock.

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