sábado, 27 de março de 2010
Por enquanto, tudo igual...
Janeiro, fevereiro, março...nem me lembro mais. O ano? 1985. Lembro até hoje daqueles versos repetidos em alto e bom som: “tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você”. Lembro ainda da molecada em Brasília, contagiada por uma nova onda “roquenroul”. Éramos os verdadeiros filhos da revolução, as Diretas Já estavam na boca e o mundo era todo nosso. Afinal, éramos todos tão jovens e, graças à ele, ainda somos.
E nesse mesmo ano, 85, meu irmão chegou em casa com um disco voador branco, na capa 4 caras numa fotografia mal tirada. A onda era adivinhar o local onde havia sido feito o registro. Poço Azul?! Talvez. No encarte haviam alguns desenhos, rascunhos.
Era bacana colocar a agulha no LP e deixar rolar de cabo a rabo. Será, A Dança, Petróleo do Futuro, Ainda é Cedo, Perdidos no Espaço e Geração Coca-Cola. Acabava o lado A. Levanta e vira o lado. E aí então vinha uma das minhas prediletas O Reggae. Era ao som dessa música que sem pudor algum eu fazia da vassoura mais próxima um contra-baixo. E sóbrio como Renato Rocha, o Negrete, eu dedilhava os acordes que introduziam a música. Depois vinha Baader-Meinhof Blues, hino do brasiliense que dirige a noite pelo eixão (e você passa de noite e sempre vê apartamentos acesos...), Soldados, Teorema e Por Enquanto.
Densa, Por Enquanto era a música que todos preferiam não ouvir. Era impossível terminar de ouvi-la sem refletir sobre qualquer coisa muito séria (Mudaram as estações, nada mudou ; Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim tão diferente...). E tudo continua tão diferente como naquele ano. Imprevisível ou previsível até demais (já que ele mesmo disse que os bons morrem jovens), Renato Russo não irá soprar velas hoje, mas sua obra será lembrada para sempre e seu legado agora é público.
Parabéns ao cara que fez do Tédio fonte de inspiração não só para ele, mas também para pais, filhos e toda uma Geração Coca-cola.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ouço as pessoas falarem que não aguentam mais Renato Russo, Legião. Já ouvia isso no início dos anos 2000. As poesias/músicas foram escutadas tão exaustivamente em rodas de violão, fitas k-7 e FMs que, escutando por osmose, as pessoas esqueciam de "ouvir". Renato Russo é eterno.
ResponderExcluirÉ isso Marina, cresci ouvi Legião. Influência obrigatória na minha casa...
ResponderExcluirAbraços!
E o bom e velho refrão continua vivo até hj.....“Que País é Este?”
ResponderExcluir