sexta-feira, 19 de março de 2010

Tributo a um artista vivo



Não fosse a foto que meu amigo André Sant´Anna colocou aí em cima para ilustrar a matéria, o leitor mais desavisado não saberia quem é Jorge Duílio Lima Menezes. Carioca – de Madureira mas criado no Centro - ele é dos mais inspirados compositores brasileiros. Para se ter uma ideia, a revista Rolling Stone – que não é pouca coisa – o coloca em quinto lugar num ranking dos maiores artistas brasileiros. A lista abre com o Tom em primeiro, seguido pelo João, Chico e Caetano. Nosso personagem aparece na frente – acredite – do Roberto, Noel, Cartola, Tim e Gil. Todos tão espetaculares que nem precisa escrever o sobrenome!

O autor de “Mas que nada” – sucesso que muitos pensam ser de Sérgio Mendes ou mesmo do Black Eyed Peas – chegou a flertar com a MPB e com a Jovem Guarda: frequentava os dois ambientes sem problemas mas acabou optando por um estilo próprio, sem rótulos. Eis um artista único que batizou de “País tropical” essa extensa faixa de terra entre as Guianas e o Uruguai. Não foram poucos os artistas que o regravaram: Elis Regina, Miriam Makeba, Wilson Simonal, Ella Fitzgerald, Al Jarreau, Herb Alpert, Dizzy Gillespie e José Feliciano - só pra citar os maravilhosos.

Teve também quem se aproveitou dele pra fazer um din din. O pato-rouco do Rod Stewart – que já plagiara Bob Dylan - afanou a melodia de “Taj Mahal” e fez sucesso mundial com “Do ya think I’m sexy”. Os advogados de Stewart transformaram os direitos autorais devidos em doações para o Unicef para que o britânico saísse bem na foto. Antes de adotar o nome Jorge Ben Jor, Jorge Ben perdeu rios de dinheiro pois seus direitos escoaram para as contas de um quase xará – George Benson. Puseram a culpa no computador.

Nesta segunda-feira, 22 de março, Ben Jor faz 68 anos. Esse texto é um tributo a ele – que apesar das centenas de sucessos que gravou - não tem muito espaço na televisão e pouco toca no rádio. Talvez por esse motivo seja figurinha fácil em aeroportos das grandes cidades onde toca atrás dos suados caraminguás. Sua equipe é composta por 17 pessoas, entre músicos, produtores e roadies. Mas tanto esforço tem suas recompensas. A mesma Rolling Stone – citada lá em cima - coloca “Jorge Ben Jor – África Brasil” em vigésimo segundo lugar de uma lista dos 50 melhores álbuns de todos os tempos.

Quem sabe até o levem ao Faustão para soprar umas velinhas – seria isso presente ou castigo? Mas é importante deixar o registro de que esse monstro da nossa música – que surpreendeu a “inteligentsia” que frequentava o Beco das Garrafas há 50 anos – mantém o mesmo frescor (no bom sentido) de quando compôs coisas lindas como “Que maravilha”, “Que pena”, ou polêmicas como “Charles anjo 45” e efusivas como “A banda do Zé Pretinho”e “Do Leme ao Pontal” – elevando nosso formidável Tim Maia à definitiva patente de “Síndico” dessa cabeça de porco chamada Brasil. Ao Ben Jor, muitas felicidades, muitos anos de vida.

Por Claudio Carneiro - radialista, jornalista e publicitário com passagem nos anos áureos das rádios Fluminense FM (A Maldita), Transamérica (RJ) e 89 FM (a rádio rock de São Paulo). Foi repórter aéreo e produtor das Rádios Cidade e JB FM, no Rio. Atuou em emissoras de TV, milita em assessoria de imprensa e sempre que possível contribui com o VitrolaNews.

3 comentários:

  1. To tributo a um artista enquanto ele esta vivo e louvavel, pois bater palmas depois que esse parte para o andar de cima é fácil. Excelente texto, parabéns.

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  2. Que música do Benjor a Ella Fitzferald gravou? E de que outros artistas brasileiros? Está aí um bom tema para um novo texto, seu Claudio! A benção, Jorge Guerreiro.

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  3. Parabéns André!
    O post é tudo de bom (Jorge merece a homenagem) e o blog lindo. Também estarei mudando de casa, talvez amanhã. Muito sucesso é o que desejo de coração!

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