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Músico há 20 anos, Gil tocou bateria em grupos como 5 Generais, Gangorra e Bazar Band. Vive em Ceilândia desde criança, onde cresceu ao som de rock ‘n’ roll. Na estreia como cineasta, optou por um tema que, para ele, soa familiar. O documentário, desenvolvido com ajuda de amigos e a custo irrisório (a equipe gastou R$ 100 para produzir uma cópia em beta, formato exigido por comissões de festivais — e só), cobra atenção para um traço pouco notado da cultura ceilandense: o rugido das guitarras. Com 20 minutos de duração, e a crueza de um refrão punk, o curta apresenta um retrato instantâneo (e, até certo ponto, esperançoso) do rock local. “Apesar de abrir o filme com imagens da construção de Ceilândia, o importante é mostrar que essas bandas existem”, explica Renato Rhugas, produtor do filme (também fundamental na equipe, Oldair Vieira cuidou da edição).
Ainda que sem o alcance do hip-hop, o rock exerce tremores subterrâneos na cidade. Entre os músicos, é unânime a impressão de que a cena passa por um momento de entusiasmo. Ainda assim, eles enfrentam antigas dificuldades: a carência de um circuito de shows, a escassez de incentivos (públicos e privados), a sensação de isolamento em relação ao centro do DF.
“Em meio a todos os problemas, estamos resistindo. Há festivais que reúnem 4 mil pessoas”, observa Márcio, vocalista do punk Os Maltrapilhos. Há 15 anos no batente, o quarteto já se apresentou no Porão do Rock (em 2006) e teve CD lançado em Portugal. “No início da banda, era tudo precário: ninguém tinha instrumentos, a gente ensaiava no fundo do quintal. O pai reclamava que não aguentava mais o barulho”, lembra.
Ao lado do quarteto de blues-rock Terno Elétrico, que lançou o disco de estreia em 2009, Os Maltrapilhos é o nome mais conhecido do documentário. Divide a cena com bandas como Barbarella, Body in Flames, Atritus, Whisky 74, Guariroba Blues, Vitalógica, 9 Milímetros e Os Homi Rapaz Si Minino. Entre elas, predomina o espírito de coletividade e o gosto pelos sons pesados — do punk ao hard rock — e por versos que espelham o cotidiano.
Curiosamente, a vocação para o protesto revela um certo parentesco com o hip-hop made in Ceilândia. “Escuto muito Câmbio Negro, Cirurgia Moral, Racionais. Assimilo as letras, o tom de indignação”, afirma Márcio, 34 anos.
“O rock é uma corrente social muito forte, capaz de integrar varias forças na busca de um objetivo comum” afirmou Macedo em entrevista ao Vitrola News. O documentario está em fase de pós produção e será divulgado nas redes sociais. A próxima aventura do jornalista é fazer o documentário do Ferock, que completa 25 anos em 2010.
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