A Mídia da música - Uma questão para refletir

Atualmente é comum ouvirmos de críticos musicais e do público em geral comentários do tipo "este grupo se vendeu para a mídia", “o artista virou apresentador da MTV e rompeu com o movimento” ou “a banda não é mais a mesma, os integrantes viraram estrelas”. Mas, será que os artistas que se vinculam às gravadoras perdem sua identidade por sair do movimento independente? Todos os artistas que gravaram o cd Acústico MTV, como se costuma dizer, venderam sua identidade? A mídia é um aliado na divulgação da música ou um vilão que rotula o artista?

Vejamos alguns exemplos:
Sérgio Mendes, um dos principais nomes da nossa música, responsável pelo movimento samba-jazz brasileiro, recentemente regravou a música “Mais que nada”, sucesso dos anos 60, com um famoso grupo de hip/hop americano.

Em 1999, Lobão rompeu com as gravadoras e lançou um cd independente, distribuindo de forma inédita suas músicas pela internet, bancas de jornal e lojas de departamento. Posteriormente, desenvolveu a Revista Outracoisa com o objetivo de divulgar novas bandas do cenário independente. Entretanto, em abril de 2007 o cantor retorna às gravadoras com o álbum Acústico MTV – Lobão.

João Gilberto revolucionou a música brasileira com sua forma diferenciada de tocar o violão, harmonias sofisticadas e voz suave, sendo o precursor de um dos movimentos mais importantes da música: a bossa nova. Apesar de todo sucesso, o cantor baiano sempre se afastou da mídia, evitando entrevistas e shows.

Sem dúvida esta é uma questão na qual devemos refletir antes de julgar e rotular os artistas. A mídia deve ser um aliado dos músicos, uma ponte entre artista e público, responsável pela veiculação das músicas e divulgação dos shows, tanto para nomes consagrados quanto para novos grupos do cenário independente.

Por Léo Minervini, especial para o VitrolaNews