Os dez ou onze leitores que acompanham o Vitrola diariamente devem estar achando no mínimo estranho o titulo do post. Por que muito prazer, Cássia Eller? Quem é que não conhece uma das mais importantes e marcantes vozes que o rock e a MPB brasileira tiveram nos anos 90? Muita gente, acreditem!
Eu explico: Diariamente circulo pelas ruas, bares, restaurantes. Como todo jornalista, que está sempre em busca de uma nova informação, por onde eu ando estou atento ao que pode ser uma notícia inédita, que no nosso caso traduz-se em uma banda, artista, em algum show, CD. Algo que me faça continuar tendo o prazer que tenho de escrever o Vitrola, de continuar aprendendo sobre música e que justifique a visita diária de vocês por aqui.
E eis que ontem tive o desprazer de testemunhar um diálogo entre dois adolescentes (ou melhor, dois adultos, já que deviam ter entre 18 e 20 anos). Eles falavam sobre música e lá “pelas tantas” um falou sobre Cássia Eller e aí veio a bomba: “Cássia Eller??? Quem é essa???”. Essa foi a pergunta feita pelo outro.
Não pude conter o riso, ainda que um riso decepcionado, cheio de frustração. Ninguém tem nenhuma obrigação de conhecer tudo, principalmente a nova geração (mas para isso temos o “Mestre Google”, bastaria uma pesquisa rápida). Mas o diálogo reflete o pobre momento musical hoje e, pior, a falta de perspectiva. Nessas horas o saudosismo é ainda maior. Isso porque o público é um termômetro, um reflexo do que temos e do que somos culturalmente, ou o que ainda há por vir. E me desculpem o radicalismo, mas é inadmissível um jovem que vive no Rio de Janeiro, última cidade onde viveu Cássia Eller, nunca ter ouvido falar dela (E não estou falando em gostar, mas apenas em conhecer). É muita alienação, em que mundo uma pessoa dessas vive? Preferi me afastar e refletir.
Por isso, vou dar uma breve contribuição para quem ainda não conhece (parece brincadeira, mas é sério) a cantora ou para refrescar a memória dos mais esquecidos:
“Cássia Eller nasceu no Rio de Janeiro RJ em 10 de Dezembro de 1962. Residiu em Santarém PA, Belo Horizonte MG e Brasília DF. Tocando violão desde os 18 anos, chegou também a cantar opera e frevo e a tocar surdo em grupo de samba. Voltando ao Rio de Janeiro em 1990, foi contratada pela Polygram. Seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990, incluiu regravações de Rubens (Premeditando o Breque), Já deu pra sentir (Itamar Assumpção), Qualquer dia (Legião Urbana) e um arranjo reggae para Eleanor Rigby (Beatles).
O segundo álbum, Marginal, trouxe ECT (Marisa Monte, Carlinhos Brown e Nando Reis). No terceiro disco, Cássia Eller gravou uma versão de Malandragem (Frejat e Cazuza), muito tocada nas rádios. Em 1996 lançou Ao vivo, gravado nas apresentações carioca e paulista do show Violões. Em Veneno Antimonotonia (1997), traz somente composições de Cazuza”.
Cássia Eller faleceu no Rio de Janeiro em 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos de idade. Deixou uma herança musical que reúne mais de 15 discos, entre inéditos, ao vivo e coletâneas.
Bem, acho que não precisa ser dito mais nada. Aliás, “Muito prazer, Cássia Eller”.