segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Plágio – do ilícito musical ao pecado nada original

Embora não esteja previsto na legislação brasileira, o plágio pode ser pinçado nos artigos 28 e 29 da Lei 9.610/98 que regulamenta os Direitos Autorais. Apesar disso, o trem das coincidências musicais está lotado de passageiros e pingentes que buscam numa próxima estação um pouco de sucesso e prestígio – graças ao talento de outro - mesmo correndo os riscos que essa “carona” pode trazer.

Que o diga o afônico britânico Roderick David Stewart – mundialmente conhecido como Rod Stewart – que surrupiou os acordes de “Taj Mahal” do brasileiro Jorge Ben Jor. Flagrado com a boca na botija no refrão de seu maior sucesso, “Do ya think I’m sexy”, acabou doando os direitos da música para o Unicef. Ainda assim, Roderick – seja lá o que isso signifique - continua atravessado na nossa garganta. Esse, talvez, seja o caso mais conhecido, mas não o único. Se “Given to Fly” do Pearl Jam não for uma homenagem a “Going to California” do Led Zeppelin, terá sido então mais uma destas molecagens proporcionadas pelo “control c control v”. Em “Já sei namorar”, Os Tribalistas navegam nos acordes do maior sucesso de Sly and the Family Stone. O refrão de “Family Affair” é igualzinho ao “tchu ru ru” de Marisa Monte. E olha que o “tchu ru ru” de Marisa Monte tem o seu valor!

Ora copiando ora sendo copiada, Avril Lavigne aparece nesta lista como ninguém: “Hey you, get out of my cloud”, velho sucesso dos Rolling Stones, ressurge sem aviso ou menção em “Girlfriend”. Mas a canadense leva o troco em “Complicated” tomada de empréstimo na música “El Salvador” pelos ingleses do Athlete. Quer mais? Então confira a semelhança entre a velha “Picture Book” do The Kinks e o novo modelito oferecido pelo Green Day em “Warning”. É de fazer corar qualquer um de nossos senadores.

“Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você” verso imortalizado pela Legião Urbana teve sua origem em “Take your hands off me, I don’t belong to you” do Soft Cell. Inspiração? Mera coincidência? Licença poética? Sei lá. Mil coisas... Mas pecado mesmo terá cometido o padre Marcelo Rossi se for comprovada a denúncia do pastor (?) Francisco Felipe de que a canção “Minha Benção” é plágio de “Noites Traiçoeiras”, interpretada pela cantora gospel Marinalva dos Santos, não por acaso, esposa do pastor. Mas tudo bem. Pelo que me consta não existe entre os dez mandamentos algo parecido com “Não plagiarás a mulher do próximo”.

Mas, sacrilégio mesmo, seria terminar essa conversa sem citar o CPM 22. Como um zagueiro orientado a colar num determinado atacante adversário, a galera de Barueri (não a do futebol mas a do rock) gosta de chegar junto nos calcanhares dos suecos do Millencolin. Ouça “Puzzle” e depois “Por quê”. Se ainda tiver estômago, confira “Bullion” e “O mundo dá voltas” em seguida. Faltou falar ainda do Fresno. Mas me deu ânsia de v...

Por Claudio Carneiro - radialista, jornalista e publicitário com passagem nos anos áureos das rádios Fluminense FM (A Maldita), Transamérica (RJ) e 89 FM (a rádio rock de São Paulo). Foi repórter aéreo e produtor das Rádios Cidade e JB FM, no Rio. Atuou em emissoras de TV, milita em assessoria de imprensa e sempre que possível contribui com o VitrolaNews.

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