Não foi à toa que ele criou a Sociedade Alternativa. Afinal, se existiu alguém que sempre andou fora dos trilhos, esse trem desgovernado foi Raul Santos Seixas. Aliás, por ironia, o pai dele era inspetor de ferrovia. O período de sucesso do autor de “Mosca na sopa”, “O Dia em que a Terra Parou” - e muitos outros - todo mundo sabe como foi. Poucos conhecem o declínio.
Com problemas de alcoolismo, Raul foi amparado em São Paulo pelo amigo e conterrâneo Marcelo Nova – aquele do Camisa de Vênus. Em junho de 89, a dupla sertaneja do rock brasileiro visitou a rádio 89 FM - que eu dirigia na época - e Raul me concedeu a que seria sua última entrevista em vídeo. Sem nenhum dente – que ele mesmo fez questão de mostrar antes de gravar – as palavras saíam confusas de sua boca, assim como as idéias. Magro e catatônico, com uma barriga inchada, ele precisava de ajuda para sentar ou levantar e, às vezes, olhava para um ponto distante, dizendo coisas sem sentido, sem se dar conta de que estávamos ali. Não havia muito o que aproveitar da entrevista. O material gravado eu nunca assisti. O parceiro de Paulo Coelho morreria no dia 21 de agosto – dois meses depois.
Mas um artista como Raul Seixas não morre e nem se deixa matar. Basta ouvir “Gitã”, “Fim de Mês” e “Como vovó já dizia” para perceber que Raulzito escapa fácil desse lugar comum de desaparecer - imposto pelo falecimento. E aqui fica o alerta: “Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal, e fazer tudo igual, eu, do meu lado - aprendendo a ser louco, maluco total, na loucura real - controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez, vou ficar ficar - com certeza - maluco beleza...”
Por Claudio Carneiro - radialista, jornalista e publicitário com passagem nos anos áureos das rádios Fluminense FM (A Maldita), Transamérica (RJ) e 89 FM (a rádio rock de São Paulo). Foi repórter aéreo e produtor das Rádios Cidade e JB FM, no Rio. Atuou em emissoras de TV, milita em assessoria de imprensa e sempre que possível contribui com o VitrolaNews.
Com problemas de alcoolismo, Raul foi amparado em São Paulo pelo amigo e conterrâneo Marcelo Nova – aquele do Camisa de Vênus. Em junho de 89, a dupla sertaneja do rock brasileiro visitou a rádio 89 FM - que eu dirigia na época - e Raul me concedeu a que seria sua última entrevista em vídeo. Sem nenhum dente – que ele mesmo fez questão de mostrar antes de gravar – as palavras saíam confusas de sua boca, assim como as idéias. Magro e catatônico, com uma barriga inchada, ele precisava de ajuda para sentar ou levantar e, às vezes, olhava para um ponto distante, dizendo coisas sem sentido, sem se dar conta de que estávamos ali. Não havia muito o que aproveitar da entrevista. O material gravado eu nunca assisti. O parceiro de Paulo Coelho morreria no dia 21 de agosto – dois meses depois.
Mas um artista como Raul Seixas não morre e nem se deixa matar. Basta ouvir “Gitã”, “Fim de Mês” e “Como vovó já dizia” para perceber que Raulzito escapa fácil desse lugar comum de desaparecer - imposto pelo falecimento. E aqui fica o alerta: “Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal, e fazer tudo igual, eu, do meu lado - aprendendo a ser louco, maluco total, na loucura real - controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez, vou ficar ficar - com certeza - maluco beleza...”
Por Claudio Carneiro - radialista, jornalista e publicitário com passagem nos anos áureos das rádios Fluminense FM (A Maldita), Transamérica (RJ) e 89 FM (a rádio rock de São Paulo). Foi repórter aéreo e produtor das Rádios Cidade e JB FM, no Rio. Atuou em emissoras de TV, milita em assessoria de imprensa e sempre que possível contribui com o VitrolaNews.
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