É sempre bom começar um ano novo em grande estilo, por isso o VitrolaNews foi à Brasília e entre os festejos do Natal e Reveillon aproveitou para ouvir um dos grandes nomes do hip-hop nacional, o cantor GOG. Antes mesmo de adotar como nome artístico as iniciais do próprio nome, GOG (Genival Oliveira Gonçalves) já demonstrava forte interesse pela arte. Tudo começou quando conheceu a velha e boa black music, ainda moleque, nas famosas ruas de lazer que aconteciam no Guará, cidade satélite do Distrito Federal.
Depois de longos 25 anos dedicados ao hip-hop, 12 discos próprios gravados, além de coletâneas, o rapper finalmente extrapolou os limites geográficos do eixo DF-SP (principal ponte do RAP nacional) provando que a música não tem barreira.
Em 2005, GOG uniu seu RAP de rimas fortes, inteligentes e diretas, ao reggae da banda Natiruts, ao participar do CD "Nossa Missão", na faixa "Quem Planta o Preconceito?". Um ano mais tarde foi a vez da MPB conhecer o RAP do “Gê-ó-Gê”. Ao lado do cantor Lenine ele cantou a música "Eu e Lenine (A Ponte)”, para o consagrado disco "Acústico MTV-Lenine".
Trabalhando atualmente na produção do seu primeiro DVD, que será lançado em março de 2009, GOG vive um dos grandes momentos da sua carreira. Na entrevista que deu a Vitrola o cantor mostra todo o conhecimento de causa que adquiriu na estrada e falou sobre o cenário musical, a cultura hip-hop, parceiras, planos e novos projetos. Confira alguns trechos:
O início:
Desde cedo frequentava os bailes, ruas de lazer e foi onde passei a ter contato com o hip-hop como fã e expectador. Com o tempo comecei a entender que para que as coisas funcionassem tinha toda uma estrutura envolvida, e fui passando para os bastidores. Um pouco depois já estava cantando e já gravando o meu primeiro disco.
Desafio:
A primeira geração do hip-hop não investiu na estrutura do hip-hop. Todo mundo queria cantar, gravar, lançar discos, mas faltavam espaços e pessoas que investissem. O grande desafio hoje é mostrar que o hip-hop pode crescer e se popularizar ainda mais. Não ficar restrito a uma só camada social.
Hip-hop x Família:
O projeto Cartão Postal inaugura um nova fase com shows, vídeos, telas, provando que o hip-hop também pode ser um grande espetáculo para toda a famíla. A grande “fita” hoje é mostrar que o hip-hop também é um som para a família e que pode ser ouvido por todos.
Pré-conceito:
O preconceito que se tem com o hip-hop hoje é também fruto de um pré-conceito que o próprio estilo pregou por muito tempo, se mantendo escondido no gueto. Hoje isso já vem mudando por que os artistas perceberam que é preciso ampliar o público e conquistar novos horizontes.
Papel social
O hip-hop tem que ter uma gama de opções, hoje não existe só o RAP favela. Para cumprir o papel social, o hip-hop precisa de mais de uma fatia da sociedade e hoje já é possível ver a música “conversando” com diferentes movimentos, formando uma grande rede de interação entre os diferentes atores sociais.
Auto – Gestão
O CD/DVD “Cartão Postal Bomba” foi lançado na internet e teve uma boa repercussão. O objetivo é iniciar um processo de auto-gestão. Em vez de cobrar um valor fechado, no site o fã pode baixar o disco todo e contribui com o valor que ele quiser. A meta é conscientizar o público que ali tem um trabalho sério e que precisa de um retorno financeiro para que ele continue funcionando. A meta não é ficar rico, mas sim mostrar o papel de cada um. Apesar das contribuições terem ficado aquém do esperado, já é possível ver uma mudança no comportamento das pessoas. Tem fã que baixa o disco e contribui com 1, 10, 20 reais.
GOG Convida
O projeto GOG Convida leva oficinas de hip-hop à periferia do DF promovendo o resgate da cultura hip-hop e valores como a família que é toda a base. Com isso mostramos que a cultura hip-hop não é só favela e violência como muitas pessoas acreditam ser.
Parcerias
O hip-hop viveu um processo de falta de auto-estima. Com as parcerias a gente mostra que é possível alcançar novos públicos e fazer um trabalho diferente do que está aí ,cantando ao lado de grandes nomes da música nacional. Trabalhar ao lado de artistas como Lenine, Maria Rita e Natiruts é muito gratificante. No final as músicas se encaixam como luva.
2009
Em 2009 quero manter ainda mais viva a chama do hip-hop, e continuar com esse processo de evolução. Em março será lançado o DVD “Cartão Postal Bomba” e também estou terminando o meu primeiro livro que o nome é “A Rima Denuncia”, que provavelmente deve ser lançado em abril. Nesse livro eu conto sobre o processo de criação de algumas das minhas músicas.
Outras informações sobre o cantor no site oficial http://www.gograpnacional.com.br/ .
*Contribuiu com essa matéria Rodrigo Neiva.
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