sexta-feira, 18 de março de 2011

Diga não aos rótulos e aumenta o som

Não sou muito de escrever posts em primeira pessoa, mas hoje vou dar uma de Claudio Carneiro e deixar aqui a minha opinião sobre um tema que durante anos me fez refletir. Lá nos idos de 92, quando pela primeira vez “bateu” à minha porta um bolachão de capa esquisita e nome ainda pior, uma coisa que me intrigou foi: isso é música, barulho? Mas quando os acordes de Arise e toda aquela pancadaria começaram a soar, no extinto som 3 em 1 que tínhamos lá em casa, não tive mais dúvida. Era música sim, e das boas!!!!

O LP que eu tinha em mãos era nada menos que o Arise , do Sepultura. Max, Igor, Andreas e Paulo estavam perto de alcançar a sua melhor forma. Os caras já tinha aprendido a tocar e faziam um som rápido e agressivo, de primeiro mundo, que logo os colocou lado a lado dos Deuses do Metal: Slayer e Metallica.

Mas o que tudo isso tem a ver com rótulos? Bem, a paixão pelo metal veio bem depois que comecei a deixar os cabelos crescerem. As madeixas, que ficaram 6 anos sem ver a cara de uma tesoura fez surgir os primeiros rótulos. Para os leigos, eu era “metaleiro” (rótulo criticado por mim e nomes como João Gordo, que uma vez destacou que metaleiro é quem trabalha com metal). Para os veteranos do metal eu não passava de um baby metal, poser e por aí vai.

Fato é que nunca liguei muito para os rótulos. Ouvia o Sepultura com a mesma empolgação que eu escutava U2 ou Edson Gomes (maior nome do reggae baiano e nacional, na minha opinião). Tocava em banda de metal, mas também fazia um som com a galera do pop-rock, sem medo de ser feliz. Pelo contrário, me divertia muito em ambas as bandas, apesar de preferir sempre o metal.

Os anos passaram e muitas verdades surgiram. A família Sepultura ruiu. Max passou anos sem falar com Igor. Jason Newsted, na época baixista do Metallica, rapou o cabelo. O próprio Metallica flertou com um som que nada lembra o “Kill 'Em All “ou “Master of Puppets” (para quem não lembra, o grupo chegou até a pintar os olhos com lápis preto, pintar unhas). Bandas como Viper e PUS , cultuadas no underground, viraram farofas e em seguida acabaram.

Enfim, a música muda e evolui, às vezes não muito (vide os Oasis da vida). Mas o mais importante é que o mesmo moleque, que em 92 descobriu o metal, ouve até hoje, com a mesma empolgação juvenil, Sepultura e Edson Gomes, U2 e Death, Pantera ou Natiruts. Afinal, o único rótulo que sempre teve alguma importância pra mim, é aquele que contém a validade e as informações nutricionais de um produto.

Um comentário:

  1. Pois é André. É isso mesmo. Eu não consigo entender como alguém consegue ouvir somente um tipo de som. Rio muito com os "troos". Mas respeito também. A gente cresce e vai agregando o que vem chegando e nos conquistando. Assim como não existe ex-homossexual, também não existe ex- qualquer ritmo. Uma vez que você goste, vc carrega consigo. Uma vez um amigo se espantou com minha paixão por cavalos. Ele me disse "mas vc é roqueira! E ainda não gosta de sertanejo". Olha só! Sou axezeira,mpbeira,roqueira, regueira,trip hopeira... pq cresci ouvindo isso! =)

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